Quando a escola acaba

14/09/2017

 duvida

Como parte do trabalho de orientação profissional que é realizado na escola (link), os alunos da 3ª série fazem uma pesquisa pessoal com o objetivo de refletirem sobre o momento de escolha. São apresentadas para eles, dentro das aulas de Orientação Educacional, algumas alternativas de pesquisa: profissões na família, faculdades e currículos acadêmicos e contatos com o mundo do trabalho. Entretanto, os alunos também podem criar uma nova proposta e executá-la, pois o importante é que parem para pensar sobre este momento decisivo: a escola acaba, o que fazer?

Sem dúvida, muitos esperam por isso: vão poder escolher o que estudar e o que fazer, não serão mais submetidos a currículos obrigatórios, nem serão cobrados a aprender conteúdos que não lhe fazem sentido. Por outro lado, tamanha liberdade também assusta, principalmente porque terão que entrar em contato com seus próprios desejos para trilharem seus caminhos. E justamente isso não é tarefa fácil.

Portanto, o importante não é acertar, mas se pôr a pensar. Selecionei trechos de alguns trabalhos feitos por alguns alunos deste ano em que relatam seus sonhos, o que querem para si e que marcas querem deixar no mundo:

“Além do contato com a vida doméstica, meu pai insistiu em educar seus filhos musicalmente. (…) Ele nos botava para dormir ao som de Mozart, Bach, entre outros. (…) Acho que após os sete anos (…) ouvia música religiosamente, chegava a acordar mais cedo para pegar os CDs que minha irmã gravava e saborear ao máximo o ínfimo entendimento que possuía (…) estilos, discursos, críticas, todos dançando ritmos e ideias em um turbilhão mental que no atropelo do cotidiano ganhava um sentido, uma ordem, uma lógica, em um deleite que estendia os minutos passados dentro de um carro. (…) Não demorou muito até chegar a usar um computador. (…) Descobri um software de DJ virtual. A partir desse ponto minha vida mudou. Assumi um autodidatismo virtual que me permitiu em períodos relativamente curtos aprender sobre música virtual, sistemas operacionais, o funcionamento geral de computadores. (…) A interface entre o mundo digital e real me seduzia à exploração musical. (…) Meu conhecimento me permite hoje enxergar essa fascinação em diferentes direções: improvisação, criatividade para desenvolver soluções, aprender e cultivar. Realizar isso é meu cotidiano, quando estou criando sons, melodias, músicas, estudando, entendendo e ampliando as diferentes relações que consigo absorver, a não satisfação com o simples entender de um texto, que instiga o movimento físico e mental de pensar e adentrar mais no turbilhão.”

(Dani Canatto Nisenbaum)

 ilustração

Como é bom encontrar o que gosta! Música e computação e, além do mais conseguiu pensar num jeito de unir os dois objetos. Também sabe identificar o que gerou esse prazer e o que o desafia. Mas nem todos conseguem e isso não é de fato um problema. No texto seguinte, uma pessoa que já pensou em muitas coisas e também já descartou muitas opções, no entanto, identifica o que todas podem ter em comum. E isso já é um grande começo!

“No primeiro ano do Ensino Médio decidi que queria Música e eu realmente achava que daquela vez seria definitivo. (…) No momento em que vi que não tinha a possibilidade de estudar Música duas horas por dia, desisti. (…) Ao longo do caminho até aqui tive uma fase que queria Medicina para fazer Residência em Psiquiatria. Todo mundo iria adorar, claro. (…) Eu até poderia ser médica se não houvesse injeções, vacinas, sangue… (…) Uma viagem de campo me fez relembrar do que me levou a considerar a fazer Direito um dia: lutar por aqueles que precisam. Essa vontade que me perseguia desde criança a cada injustiça, desigualdade e opressão que presenciei na minha vida. Parecia tão óbvio e sempre esteve na minha frente: Serviço Social. (…) Mas em outra viagem de campo em que fui monitora me lembrei de que quando era criança queria ser igual às minhas professoras. Me veio o desejo de fazer Pedagogia. (…) Agora descobri que quero trabalhar com crianças. Não sei se por meio da Assistência Social ou sendo professora. Talvez até dando aula de Música ou quem sabe implantando algum tipo de projeto musical para as crianças necessitadas. A única certeza que tenho agora é do que eu não quero fazer!”

(Iara Carvalho Szegeri)

 professora_e_alunos

Encontrar um objeto com que se quer trabalhar, e pensar em várias formas de chegar até ele, é também uma possibilidade interessante. Unir seus gostos pessoais com a vontade de ser socialmente útil, também é uma busca importante. Felizmente, ela não é a única, como pode ser lido no próximo texto:

“Aposto que muitos já tiveram a mesma reflexão que apresento agora: e se eu não quiser ser uma coisa só? É claro que a profissão não define sua vida por completo. (…) Não quero passar os dias levantando cedo para fazer sempre a mesma coisa; é claro que tem trabalhos mais dinâmicos e versáteis, mas estou falando aqui de uma forma de vida nômade: e se eu fosse um andarilho? Queria viver cada dia sem ter a certeza do amanhã, passar pelas mais diversas experiências, seria uma vida utópica. (…) Para poder viver dessa maneira, livre, teria que abdicar do conforto. (…) Mas aí entramos em outra questão: e o meu compromisso com a sociedade? Eu quero fazer do mundo um lugar melhor, pelo menos até onde meu braço alcançar, portanto pensei em outra vida que me seria utópica: me formar em alguma profissão (no caso, penso em Biologia) e participar ativamente no âmbito político; essa dinâmica da luta social é algo que me instiga muito (estou fazendo a monografia sobre movimentos populares urbanos do Parque Augusta). Porém me excita mais a vida como nômade. (…) Mas isso vai contra meus princípios igualitários em que acredito: abdicar dos meus privilégios e sair do sistema para somente satisfazer um desejo pessoal não seria deveras egoísta? Por isso acho que talvez ir para a faculdade seja interessante, conhecer outros rumos da identidade e entender um pouco melhor onde estou. Porque afinal, todos se perguntam de onde viemos e para onde vamos, mas acho que o certo é se perguntar: onde estamos?”

(Yacov Kilsztajn)

andarilho

Certezas e incertezas, prazer e dúvida, fazer o que gosta, mas que o trabalho seja uma forma de tornar o mundo menos desigual, são ingredientes importantes nos projetos de vida destes alunos e de muitos outros que se formam na 3ª série este ano. A tarefa não é fácil! Mas podem contar com nosso apoio integral nessa jornada.

 

Luciana Fevorini
Diretora Escolar

Quando a escola acaba

14/09/2017

 duvida

Como parte do trabalho de orientação profissional que é realizado na escola (link), os alunos da 3ª série fazem uma pesquisa pessoal com o objetivo de refletirem sobre o momento de escolha. São apresentadas para eles, dentro das aulas de Orientação Educacional, algumas alternativas de pesquisa: profissões na família, faculdades e currículos acadêmicos e contatos com o mundo do trabalho. Entretanto, os alunos também podem criar uma nova proposta e executá-la, pois o importante é que parem para pensar sobre este momento decisivo: a escola acaba, o que fazer?

Sem dúvida, muitos esperam por isso: vão poder escolher o que estudar e o que fazer, não serão mais submetidos a currículos obrigatórios, nem serão cobrados a aprender conteúdos que não lhe fazem sentido. Por outro lado, tamanha liberdade também assusta, principalmente porque terão que entrar em contato com seus próprios desejos para trilharem seus caminhos. E justamente isso não é tarefa fácil.

Portanto, o importante não é acertar, mas se pôr a pensar. Selecionei trechos de alguns trabalhos feitos por alguns alunos deste ano em que relatam seus sonhos, o que querem para si e que marcas querem deixar no mundo:

“Além do contato com a vida doméstica, meu pai insistiu em educar seus filhos musicalmente. (…) Ele nos botava para dormir ao som de Mozart, Bach, entre outros. (…) Acho que após os sete anos (…) ouvia música religiosamente, chegava a acordar mais cedo para pegar os CDs que minha irmã gravava e saborear ao máximo o ínfimo entendimento que possuía (…) estilos, discursos, críticas, todos dançando ritmos e ideias em um turbilhão mental que no atropelo do cotidiano ganhava um sentido, uma ordem, uma lógica, em um deleite que estendia os minutos passados dentro de um carro. (…) Não demorou muito até chegar a usar um computador. (…) Descobri um software de DJ virtual. A partir desse ponto minha vida mudou. Assumi um autodidatismo virtual que me permitiu em períodos relativamente curtos aprender sobre música virtual, sistemas operacionais, o funcionamento geral de computadores. (…) A interface entre o mundo digital e real me seduzia à exploração musical. (…) Meu conhecimento me permite hoje enxergar essa fascinação em diferentes direções: improvisação, criatividade para desenvolver soluções, aprender e cultivar. Realizar isso é meu cotidiano, quando estou criando sons, melodias, músicas, estudando, entendendo e ampliando as diferentes relações que consigo absorver, a não satisfação com o simples entender de um texto, que instiga o movimento físico e mental de pensar e adentrar mais no turbilhão.”

(Dani Canatto Nisenbaum)

 ilustração

Como é bom encontrar o que gosta! Música e computação e, além do mais conseguiu pensar num jeito de unir os dois objetos. Também sabe identificar o que gerou esse prazer e o que o desafia. Mas nem todos conseguem e isso não é de fato um problema. No texto seguinte, uma pessoa que já pensou em muitas coisas e também já descartou muitas opções, no entanto, identifica o que todas podem ter em comum. E isso já é um grande começo!

“No primeiro ano do Ensino Médio decidi que queria Música e eu realmente achava que daquela vez seria definitivo. (…) No momento em que vi que não tinha a possibilidade de estudar Música duas horas por dia, desisti. (…) Ao longo do caminho até aqui tive uma fase que queria Medicina para fazer Residência em Psiquiatria. Todo mundo iria adorar, claro. (…) Eu até poderia ser médica se não houvesse injeções, vacinas, sangue… (…) Uma viagem de campo me fez relembrar do que me levou a considerar a fazer Direito um dia: lutar por aqueles que precisam. Essa vontade que me perseguia desde criança a cada injustiça, desigualdade e opressão que presenciei na minha vida. Parecia tão óbvio e sempre esteve na minha frente: Serviço Social. (…) Mas em outra viagem de campo em que fui monitora me lembrei de que quando era criança queria ser igual às minhas professoras. Me veio o desejo de fazer Pedagogia. (…) Agora descobri que quero trabalhar com crianças. Não sei se por meio da Assistência Social ou sendo professora. Talvez até dando aula de Música ou quem sabe implantando algum tipo de projeto musical para as crianças necessitadas. A única certeza que tenho agora é do que eu não quero fazer!”

(Iara Carvalho Szegeri)

 professora_e_alunos

Encontrar um objeto com que se quer trabalhar, e pensar em várias formas de chegar até ele, é também uma possibilidade interessante. Unir seus gostos pessoais com a vontade de ser socialmente útil, também é uma busca importante. Felizmente, ela não é a única, como pode ser lido no próximo texto:

“Aposto que muitos já tiveram a mesma reflexão que apresento agora: e se eu não quiser ser uma coisa só? É claro que a profissão não define sua vida por completo. (…) Não quero passar os dias levantando cedo para fazer sempre a mesma coisa; é claro que tem trabalhos mais dinâmicos e versáteis, mas estou falando aqui de uma forma de vida nômade: e se eu fosse um andarilho? Queria viver cada dia sem ter a certeza do amanhã, passar pelas mais diversas experiências, seria uma vida utópica. (…) Para poder viver dessa maneira, livre, teria que abdicar do conforto. (…) Mas aí entramos em outra questão: e o meu compromisso com a sociedade? Eu quero fazer do mundo um lugar melhor, pelo menos até onde meu braço alcançar, portanto pensei em outra vida que me seria utópica: me formar em alguma profissão (no caso, penso em Biologia) e participar ativamente no âmbito político; essa dinâmica da luta social é algo que me instiga muito (estou fazendo a monografia sobre movimentos populares urbanos do Parque Augusta). Porém me excita mais a vida como nômade. (…) Mas isso vai contra meus princípios igualitários em que acredito: abdicar dos meus privilégios e sair do sistema para somente satisfazer um desejo pessoal não seria deveras egoísta? Por isso acho que talvez ir para a faculdade seja interessante, conhecer outros rumos da identidade e entender um pouco melhor onde estou. Porque afinal, todos se perguntam de onde viemos e para onde vamos, mas acho que o certo é se perguntar: onde estamos?”

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